quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

De quem é o poder?

Concordo com Thoreau quando ele diz, em A Desobediência Civil, que "o melhor governo é o que menos governa". O que temos assistido, com o advento do liberalismo e suas decorrências, é que a posição dos teóricos liberais tem distorcido isso historicamente em benefício de uma menor intervenção estatal em assuntos econômicos, ocorrendo o contrario na vida dos cidadãos comuns, cada vez mais submetidos a um calhamaço de leis inservíveis e até injustas.

A princípio, parece-me que a idéia do pensador de Concord era fundamentar um Estado invisível na vida do cidadão (excetuando o oferecimento de serviços e legislando minimamente)... Mas, ao invés de servir às pessoas, o q se vê é um Estado traidor, que serve a alguns poucos, muitas vezes em detrimento do interesse da maioria que lhes emprestou esse poder. Acredito que pensado nisso Thoreau segue dizendo que “os nossos legisladores ainda não aprenderam a distinguir o valor relativo do livre-comércio frente à liberdade, à união e à retidão”, e adiante afirma ainda: “nunca haverá um Estado realmente livre e esclarecido até que ele venha a reconhecer no indivíduo um poder maior e independente - do qual a organização política deriva o seu próprio poder e a sua própria autoridade - e até que o indivíduo venha a receber um tratamento correspondente”.

Um exemplo disso é a tentativa de legislar sobre a transmissão de dados na internet no caso do PirateBay x grandes estúdios de Hollywood. Para quem não conhece essa história, é só dar uma olhada nesse documentário britânico pró-downloads e antidireitos autorais lançado na internet e dirigido pelo britânico Jamie King, 33, Ph.D em filosofia e cineasta amador. Segue um link pra baixar legendado:
http://baixacultura.org/2009/04/18/roube-este-filme-legendado/

Coerentemente, a balança judicial girou em favor do peso do vil metal e o Piratebay foi condenado. Não interessa se essa decisão contraria, ainda que momentaneamente, uma mudança de valores das novas gerações em relação ao que entendemos por direitos autorais e liberdade de acesso à informação. Não importa se essa geração que já nasceu online considera violar direitos autorais um mal menor diante dos benefícios que trará o acesso de todos a todos os dados, mesmo que isso vá de encontro ao interesse de grandes grupos econômicos. No final, também não importam muito nossos valores ultrapassados diante de uma geração que herda não só o mundo, mas a condução dos seus caminhos.

(continua no post de baixo...)

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