GIGES E NÓS NO UMBRAL DA CONSCIÊNCIA
Confesse, ainda que seja só para você mesmo, sem que ninguém desconfie do que lhe vai à mente: o que você faria se estivesse absolutamente certo de quem ninguém jamais descobriria?
Não, não vamos aqui admitir pequenas canalhices como escutar atrás das portas, isso é muito prosaico; pense grande e profundo, sem pressa, agora e durante a leitura deste texto e mesmo depois que desligar o seu PC....
Não, isso não é nenhum texto de auto-ajuda ou coisas do tipo, das tantas que impregnam os sites da Web, muito ao contrário, é fruto de uma idéia de um cara realmente genial chamado Platão, filósofo que nasceu lá pelas tantas do ano 428 a.C. em Atenas e escreveu diversos livros ainda hoje interessantes e atuais, só pra não ser muito efusiva e deixar você curioso demais. Mesmo porque, você ainda deve estar pensando na pergunta que eu fiz.
Porém, não se preocupe, eu explico: em um desses livros, chamado A Republica, Platão conduz o leitor em uma interessante viagem consciencial, onde nos confrontamos com o que há de melhor e pior dentro de cada um de nós e, para isso, utiliza-se de diálogos entre homens cultos.
Em um destes diálogos, buscam os homens cultos conhecer quem é o homem justo e quem é o homem injusto e um cara chamado Glauco, querendo provar que só somos justos por pura conveniência, narra um mito sobre um pastor chamado Giges.
Esse cara, o Giges, encontrou no campo um anel e descobriu que o tal anel tinha poderes mágicos: quando sua pedra era virada para dentro da palma da mão, aquele que o estava usando ficava completamente invisível, podendo fazer o que quer que fosse sem ser visto. Pois adivinhe: o tal de Giges foi até o palácio real de sua cidade, e sem ser visto por ninguém matou o rei, seduziu-lhe a esposa, casando-se com ela, tomando todo o reino para si.
Viu, que perigo? É desse tipo de coisa que eu estava falando quando provoquei você na primeira frase deste texto. Claro que eu não estou pensando nada de mal de você!!!! Eu estou é pensando muito mal de mim, depois que me perguntei essa mesma coisa há cerca de um mês atrás. Sim, porque eu também quis saber do que eu era capaz e não posso contar pra você minhas primeiras conclusões, não, meu caro, lamento.
A única coisa que eu sei até agora, pois não pense que eu parei de me investigar, é que sempre encontramos desculpas para as nossas idiossincrasias, sempre nos perdoamos facilmente e esquecemos-nos de cobrar melhores atitudes sobretudo quando ninguém está olhando, quando só depende de nós sermos justos ou não. Aliás, era exatamente isso que Platão queria que o leitor percebesse, pois julgava que este problema está no cerne de cada ser. Quer ver como é verdade?
Imagine então o que fez com que Galdalf não quisesse assumir a guarda do anel mágico em “O Senhor dos Anéis”, entregando-o ao Frodo, justamente porque ele era puro e bom? Exato!!! Porque o anel revelava a verdadeira índole do seu portador.
E a capa da invisibilidade do Harry Potter? Com ela, inúmeras incursões levaram os personagens a ganhar vantagem sobre inimigos e a acobertar muitos aliados do menino bruxo!!!
Viu? Não é à toa que nós nos damos muito bem quando ninguém está olhando!!!
Mas, sabe, cheguei a algumas conclusões. Não importa o quanto nos perdoamos, nos acobertamos, nos ocultamos dos nossos próprios olhos. A Verdade está dentro de cada um, gritando, suplicando pra ser vista. Invariavelmente, chega um momento em que não suportamos mais a invisibilidade e temos de nos olhar como somos, seja qual for a imagem que faremos de nós quando essa hora chegar.
Por isso, amigo, não desanime. Só há um jeito de saber: se investigando, conhecendo a você mesmo. Vá em frente, você também pode.
Ah, e quanto ao Platão, se você quiser saber mais sobre esse cara, é só ler A República!!!
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
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Interessante q qdo li o mito de giges pela primeira vez me lembrei do senhor dos aneis tbm!!! C era dificil para tantos seres de diferentes povos carregar aquela responsabilidade, e entre eles o mais pequenino se fez grande, e provou a sua grandeza ao destruir o anel e conseguir dominar as suas paixões mais profundas, sofreu mt, mais ao final venceu a si mesmo. Não sozinho, pq necessitou do seu mais fiel amigo, nos mostrando q sozinhos não somos capazes de amar e vencer nossas ilusões.
ResponderExcluirTambem me pergunto: e se fosse eu?
E sempre q me faço essa pergunta me vejo tão pequena e imatura...pq não consigo encontrar a resposta, talvez pq eu mesma tenha medo dela.
Mais vi que para podermos crescer diante das situações q a vida nos impõe, devemos sempre nos perguntar o que fariamos se tivessemos a possibilidade de ter todo poder...a resposta é um guia p vc pensar no que realmente importa e em que pontos precisa melhorar.
Paloma, é isso! Temos medo de olhar, medo de ver a verdade que escondemos no nosso mais profundo e escuro lugar do coração.
ResponderExcluirÉ também um medo de não suportar o que veremos ou não nos perdoarmos com o que constataremos a nosso respeito.
Mas, ao final, quando descobrimos nossas maiores fraquezas e as enfrentamos sem medo ou vergonha, estamos realmente crescendo!
Obrigada por trazer sua preciosa contribuição, nos visite sempre!
Beijos, JÔ.